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Em mais um protesto pela manutenção dos cursos da Faculdade Intercultural Indígena da UFGD, o movimento estudantil do curso de Licenciatura em Educação do Campo (LEDUC), ocupou na manhã de hoje (09) a unidade 1 da universidade.

Os estudantes apresentam novamente suas reivindicações entre elas, a inclusão dos cursos da Faind na matriz Orçamento, Custeio e Capital (OCC) da universidade para que se garanta acesso e permanência, através de refeições, bolsas, material didático pedagógico, ciranda infantil e infraestrutura, que possibilidade que a Faculdade Intercultural Indígena possa estar presente nos territórios.

Outras demandas apresentadas são a construção de uma Casa de Alternância para os estudantes da faculdade e o custeio integral, por parte da UFGD, para todos os semestres, dos transportes, alimentação e alojamento, sem mais redução na jornada de estudos, como ocorreu no primeiro semestre de 2022.

Durante o dia de hoje o movimento está organizando diversas atividades pedagógicas na ocupação como apresentações de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), aulas públicas, entre outras. O protesto não tem previsão de término e já conta com o apoio de outras organizações como o SINTEF, a ADUF, o ANDES-Regional Pantanal e o DCE da UFGD. 

Reitoria da UFGD e protestos contra a intervenção federal

O professor Arquimedes Gasparotto Junior, vice-reitor pró-tempore da UFGD, ouviu nesta manhã alguns representantes da Faculdade e do movimento que solicitaram o agendamento de uma reunião ainda para o dia de hoje. Apesar da declaração inicial do vice-reitor, de que a gestão não tem intenção de acabar com a FAIND e que é necessário um estudo técnico sobre o financiamento dos cursos, os estudantes criticam a reitoria da UFGD por falta de iniciativa com a pauta da faculdade.

O Prof. Lino Sanabria, reitor pró-tempore da UFGD, está em período de férias. O movimento estudantil também pede sua destituição do cargo e a nomeação do reitor eleito por consulta prévia e pelo colégio eleitoral. Lino já é o segundo interventor pró-tempere instituído por Bolsonaro na instituição, num processo de intervenção que completa três anos no próximo dia 11 de junho. 

A nomeação da lista tríplice eleita no colégio eleitoral é composta pelo professor Etiene Biassoto – escolhido pela consulta prévia junto com a professora Claudia Lima para o cargo de reitor e vice-reitora, Jones Dari Goettert e Antônio Dari Ramos e depende apenas da nomeação o presidente Jair Bolsonaro, que insiste em manter a nomeação de reitores pró-tempores não eleitos por motivações políticas.

Como funciona a FAIND

A FAIND tem um regime de pedagogia de alternância, no qual os estudantes vão à universidade para etapas presenciais, que normalmente duram 15 dias, e realizam outras atividades de campo nas suas comunidades de origem. Para as etapas presenciais, é necessário alojamento, alimentação e transporte aos acadêmicos durante a estadia em Dourados. É principalmente para essas demandas que a faculdade tem sofrido com o estrangulamento orçamentário.

A FAIND tem formado profissionais da Educação para atuar em escolas indígenas e escolas do campo, em áreas como Ciências Humanas, Linguagens, Matemática ou Ciências da Natureza. A descontinuidade dos cursos deve desamparar comunidades inteiras, principalmente crianças e adolescentes, que dependem de educadores com formação específica para atuar em seus contextos e territórios.

Histórico

Desde abril de 2022, estudantes da Licenciatura Indígena Teko Arandu também protestaram com a mesma pauta e se reuniram com o reitor interventor pró-tempore da UFGD e apresentaram suas reivindicações. No entanto, a cobrança da comunidade acadêmica da FAIND por financiamento necessário para a manutenção da Faculdade não é recente.  Já em 2016, o movimento estudantil da Leduc chegou a ocupar a reitoria da UFGD exigindo a continuidade do curso e a abertura de novo edital de vestibular, o que foi conquistado à época.

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Notícias sobre o movimento: instagram.com/resistefaind/ 

Informações: 65 99959-0931

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Redação: Franklin Schmalz.

Fotos: Iara Cardoso.