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Estudantes percorreram a avenida principal do campus, da FAIND até o Centro de Convivência, onde realizaram falas ao microfone e palavras de ordem.

Acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação no Campo (LEDUC), da Faculdade Intercultural Indígena da UFGD (FAIND), realizaram manifestação nesta terça-feira (10) na Cidade Universitária, contra ameaças de fechamento da faculdade.

Em abril, estudantes da Licenciatura Indígena Teko Arandu, também se manifestaram na reitoria da universidade com a mesma pauta e chegaram a se reunir com o reitor pró-tempore da universidade e apresentar suas reivindicações. No entanto, a reivindicação da comunidade acadêmica da FAIND pelo financiamento necessário para sua manutenção não é recente. Já em 2016, o movimento estudantil da LEDUC chegou a ocupar a reitoria da UFGD reivindicando a continuidade do curso e abertura de novo edital de vestibular, o que foi conquistado pelo movimento à época.

No ato desta terça-feira, estudantes se revezaram ao microfone no palco do Centro de Conivência da universidade para ler um documento com suas reivindicações. Entre elas, os acadêmicos pedem que a inclusão dos cursos da FAIND na matriz OCC (Orçamento, Custeio e Capital) da Universidade para que se garantam refeições, bolsas, material didático pedagógico, ciranda infantil e infraestrutura para FAIND estar presente nos territórios.

Outras demandas apresentadas são a construção de uma Casa de Alternância para os estudantes da faculdade e o custeio integral por parte da UFGD, para todos os semestres, dos transportes, alimentação e alojamento, sem mais redução da jornada de estudos, como já ocorreu no primeiro semestre 2022.


O que diz a reitoria da UFGD

Lino Sanabria, reitor pró-tempore da UFGD, declarou que esteve em Brasília no final de março, em agenda no MEC, para solicitar recursos. O reitor foi informado que não há possibilidade de financiamento para os cursos da FAIND nos moldes em que são ofertados. Haveria apenas a possibilidade de o MEC financiar mais uma turma da Licenciatura indígena, enquanto que, para o curso de Licenciatura do Campo, não há previsão de recurso.

Os estudantes tem criticado a reitoria por falta de iniciativa com a pauta da faculdade. Nas manifestações, os acadêmicos tem perdido a destituição de Lino Sanabria e sua equipe por considerarem a atual gestão uma intervenção do Governo Federal na UFGD, pois, o reitor eleito na consulta eleitoral de 2019 não foi nomeado e Lino já é o segundo pró-tempero instituído por Bolsonaro na instituição.


Como funciona a FAIND

A FAIND tem um regime de pedagogia de alternância, onde os estudantes vêm à universidade para etapas presenciais, que normalmente duram 15 dias, e realizam outras atividades de campo nas suas comunidades de origem. Para as etapas presenciais é necessário alojamento, alimentação e transporte aos acadêmicos durante a estadia em Dourados. É principalmente para essas demandas que a faculdade tem sofrido com o estrangulamento orçamentário.

A FAIND tem formado profissionais da educação capacitados para atuar em escolas indígenas e escolas do campo. Os professores e professoras saem da faculdade licenciados em alguma dessas áreas: Ciências Humanas, Linguagens, Matemática ou Ciências da Natureza. A descontinuidade dos cursos deve desamparar comunidades inteiras, principalmente crianças e adolescentes, que dependem de educadores com formação específica para atuar em seus contextos e territórios.

Abaixo assinado
Além da manifestação de hoje, entidades e movimentos organizam um abaixo assinado. O “Manifesto Nenhum Curso a Menos na UFGD” tem mais de 500 apoios e segue coletando assinaturas por meio da plataforma Avaaz.

Redação: Franklin Schmalz | SINTEF UFGD – Fotos: Iara Cardoso | SINTEF UFGD